Indiscreto Saber : "Dialeto Caipira" de Amadeu Amaral



Amadeu Amaral nasceu em 1875. Autodidata, surpreendeu a todos por sua extraordinária erudição. Dedicou-se paralelamente à poesia, aos estudos folclóricos e à dialectologia. No Brasil, foi o primeiro a estudar cientificamente um dialeto regional. O Dialeto Caipira, publicado em 1920, escrito à luz da lingüística, estuda o linguajar do caipira paulista da área do vale do rio Paraíba.

Artigos

Definido
u, a, uz, us, az, as

Indefinido
um, uma, unz, uns, umaz, umas

No dialeto caipira, é o artigo que determina o número, permanecendo o substantivo inalterado.Os artigos no plural variam de acordo com a fonética, porém, ainda sem regra estabelecida.
Ex: az muié (as mulheres), uz ómi (os homens), as coisa (as coisas), us prímu (os primos) etc.

Verbos

Conjugação
No dialeto caipira, o verbo não é flexionado como acontece na norma culta -- onde se obedece à concordância numérica -- mas fica sempre no singular.
Exemplo: Verbo SER = SÊ : eu sô, (o)cê é, ele é, nóis é, cêis é, êis é

O mesmo se dá com o verbo IR = I (e, praticamente, com todos os verbos mais usados).
Exemplo: eu vô, (o)cê vai, ele vai, nói(s) vai, cêis vai, êis vai

Infinitivo
No dialeto caipira, os verbos no infinitivo perdem o 'r':
Exemplo: Brincar: Brincá; Olhar: Olhá; Comer: Comê; Chorar: Chorá; etc.

Gerúndio
No caipirismo, o gerundio perde o 'd'.
Exemplo: Falando: Falano; Correndo: Correno; Tomando: Tomano; Regulando: Regulano, etc.

LH
No dialeto caipira, o 'LH' no meio de palavras é substituído por 'i'.
Exemplo: Falhou: Faio; Mulher: Muié; Alho: Aio; Velho: Véio; Trilho: Trio; Olhei: Oiei; etc.

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